quarta-feira, novembro 14, 2007

Pesquisa do Cremesp revela que médicos acumulam múltiplos empregos São Paulo -

O Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) apresentou, no dia 31 de outubro de 2007, o resultado de pesquisa inédita sobre o trabalho do médico no Estado de São Paulo.Realizada pelo Datafolha Instituto de Pesquisas, a pesquisa revela que os médicos paulistas cumprem carga horária excessiva e acumulam vários empregos. Além disso, a pesquisa traz informações sobre salário e remuneração, locais de trabalho e a opinião dos médicos sobre a profissão, as restrições impostas pelos planos de saúde privados e sobre as condições de trabalho nos serviços de saúde.
A pesquisa integra uma série de estudos recentes do Cremesp. No dia 9 de outubro o Conselho divulgou levantamento sobre denúncias e processos ético-profissionais contra médicos. No dia 16 de outubro foi divulgado o estudo sobre o perfil do médico no Estado. Nas próximas semanas serão apresentados mais dois levantamentos inéditos: Especialidades Médicas e Ensino Médico.
A seguir as principais conclusões.
1. Em média, os médicos trabalham em três diferentes empregos. Mas 32% dos profissionais têm quatro ou mais locais de trabalho.
2. Os médicos paulistas cumprem uma carga horária semanal média de 52 horas. Quase um terço deles, ou 30%, trabalha mais de 60 horas por semana. Os mais jovens são os que trabalham maior número de horas. A maior parte dos médicos trabalha até 20 horas semanais, ou seja, até 4 horas por dia em cada local.
3. O Sistema Único de saúde (SUS) é o maior empregador de médicos no Estado de São Paulo. Os médicos trabalham principalmente em hospitais públicos (51%), em hospitais particulares (44%) e em consultórios (40%). Além disso, 55% dos médicos prestam serviços (atendem pacientes) a planos de saúde privados. Os médicos mais jovens são maioria nos hospitais públicos (76% dos profissionais até 29 anos trabalham no SUS) e são minoria (13% dos que têm até 29 anos) nos consultórios.
4. O ganho mensal no exercício profissional - somando os vários locais de trabalho -, fica entre R$ 3 mil e R$ 6 mil para 26% dos médicos; 19% ganham entre R$ 6 mil e R$ 9 mil. Os jovens e as mulheres médicas têm menor salário.Um terço dos médicos mais jovens recebem até R$ 3 mil. A maioria das mulheres está nas faixas salariais que vão até R$ 6 mil (48% contra 25% dos homens).
5. O valor médio declarado que o médico cobra por uma consulta particular é de R$ 145,00. Já o valor médio da consulta paga ao médico pelos planos de saúde é R$ 30,00.
6. Os médicos afirmam que gastam em média R$ 2.500 mensais para manter suas atividades profissionais, levando em conta todas as despesas, inclusive com manutenção do consultório, transporte, estacionamento, alimentação, atualização profissional, impostos etc.
7. 44% dos médicos estimam gastar de uma a duas horas, ou mais, nos deslocamentos entre a casa e os trabalhos; 63% dos vínculos de trabalho estão na cidade onde o médico mora.
8. 38% dos médicos afirmaram já possuir registro de pessoa jurídica para prestar atendimento médico, uma exigência cada vez mais freqüente dos empregadores, sobretudo dos planos de saúde.
9. Mais da metade dos médicos paulistas - 55% deles - atende paciente por plano de saúde ou convênio médico. Nesse grupo, 43% afirmaram ter sofrido ou sofrer "algum tipo de restrição ou imposição das operadoras de plano de saúde". A grande maioria (82%) citou dificuldades com a "autorização de consultas, internações, exames, procedimentos e insumos". Quase a mesma porcentagem deles (81%) informou restrições em "glosar procedimentos ou medidas terapêuticas". As demais interferências citadas foram "restrição a doenças pré-existentes" (59% citaram essa dificuldade), "tempo de internação de pacientes" (55%), "atos diagnósticos e terapêuticos mediante designação de auditores" (54%) e "descredenciamento" (42%). Outros 38% afirmaram que a operadora interfere na determinação do "período de internação pré-operatório". Além dessas restrições e imposições que interferem no exercício profissional do médico e no direito do paciente, 22% dos entrevistados citaram a "quebra de sigilo" por parte das operadoras.
10. Seis em cada dez médicos paulistas, ou 61%, afirmam estar "satisfeitos" com a profissão. - 10% disseram estar insatisfeitos com o que fazem. E um grupo de 29% - quase um terço da categoria - disse estar "nem satisfeito, nem insatisfeito". Vocação e boa remuneração são os principais motivos de satisfação. Os médicos insatisfeitos apontam como principais problemas a baixa remuneração,a jornada de trabalho excessiva e as condições inadequadas de trabalho. A profissão é definida pelos médicos tanto com menções positivas ("dedicação" ; "ótima profissão" e "gratificante") quanto com menções negativas ( "difícil", "árdua" e "estressante").

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