quarta-feira, março 28, 2007

Lucro e perigo que vêm do carvão

Lucro e perigo que vêm do carvão

A Colômbia recebeu em 2006 mais de US$ 1,3 bilhão com a venda de carvão. Mas os trabalhadores do setor têm empregos temporários, insuficiente proteção sanitária e muito pouca segurança trabalhista. Segundo o Ministério de Minas e Energia, em 2004 foram atendidos 17 acidentes nas minas de carvão; em 2005 foram 40 e no ano passado 44. Em fevereiro passado, 40 pessoas morreram em duas explosões, uma em Sardinata, no departamento Norte de Santander, no nordeste, e outra em Gámeza, Boyacá, no centro-leste do país. O número de acidentes pode superar as estatísticas do ministério.

“Calcula-se dois acidentes diários, a maioria não informada por medo da suspensão dos trabalhos nas minas e conseqüente ausência de recursos econômicos”, sobretudo “no caso dos mineiros de pequena escala”, disse à IPS Tatiana Roa, diretora da organização não-governamental Censat-Água Viva. “Nos mesmos dias dos acidentes em Santander e Boyacá ocorreram outros dois que não conseguiram repercussão na imprensa”, disse à IPS o advogado Francisco Ramírez, secretário-geral do Sindicato de Trabalhadores Mineiros, da Energia, Metalúrgicos, Químicos e de Indústrias Similares.

As razões das explosões em Sardinata e Gámeza seguem sob investigação do estatal Instituto Colombiano de Geologia e Mineração, que já determinou a ilegalidade do sistema de túneis boyacense. Em igual condição se encontra uma quantidade indeterminada de minas de carvão, admitiu o ministro do setor, Hernán Martinez, perante o conselho comunal de 24 de fevereiro no município mineiro de Ubaté, 112 quilômetros a nordeste de Bogotá, em Cundinamarca. A ausência de estatísticas confiáveis impede saber quantas pessoas trabalham nas minas, incluindo menores de 18 anos.

“A tradição da exploração carbonífera de pequena escala no centro do país, o crescimento do preço internacional do mineral e a necessidade de renda dos mineiros pobres motivam a exploração ilegal com participação de crianças e jovens nos túneis, pois a pouca largura das minas muitas vezes impede a entrada de adultos”, explicou Roa. As mulheres, seguindo crenças ancestrais, não entram. “Afirma-se que elas trazem maus augúrios, por isso cuidam da alimentação dos trabalhadores, do serviço domestico e cuidam das hortas”, acrescentou.

A Organização Internacional do Trabalho o escritório na Colômbia do Fundo das Nações Unidas para a Infância desenvolveram jornadas educativas sobre o perigo que correm as crianças que trabalham nas minas, espcialmente em Boyacá, onde é mais forte a tradição mineira por meio de túnel. “Isto foi mudando com o tempo de maneira favorável. Onde há escolas, as crianças freqüentam as aulas em um período e trabalham na mina no outro”, disse Ramírez. “Vou à escola pela manhã e vou à mina quando não tenho tarefa... e quando me pagam”, disse à IPS Roberto Morales, de 11 anos, no perímetro urbano de Ubaté. “Eu ajudo meus país nos fins de semana”, acrescenta seu irmão, Miguel, de 9 anos.
O trabalho infantil “se relaciona com a idiossincrasia da região. Em Boyacá existe um tradição de unidade familiar muito forte, enquanto em Antioquia (norte), por exemplo, prevalece o desejo de obter renda”, explicou Roa. Mas, em todo o país “a mineração por túneis está desprotegida”, acrescentou Ramírez. Em 2001, foi expedido o Código de Minas, ou Lei 685, para fomentar a atividade, e em 2004 o governo de Álvaro Uribe liquidou a estatal Empresa Nacional Mineira (Minercol) também encarregada de desenvolver as políticas do setor.

Estes passos “suprimiram quase completamente as medidas de segurança dos trabalhadores e favoreceram a intervenção internacional”, continuou Ramírez. “Na Minercol realizávamos trabalho de prevenção. Tínhamos uma unidade de resgate, zonas de treinamento e convidávamos especialistas poloneses para treinarem nossos funcionários da área de salvamento”, disse o sindicalista. A Colômbia possui as maiores reservas carboníferas da América Latina ocupa o quinto lugar mundial em exportação de carvão térmico, de grande pureza, pois contém menos de 1% de enxofre.

Este mineral é usado sobretudo para a geração térmica de eletricidade, competindo no mercado internacional com os combustíveis refinados do petróleo, gás natural e lenha. No extremo norte, em La Guajira, fica o complexo mineiro a céu aberto maior do mundo, Carbones El Cerrejón, com 69 mil hectares e produção diária de 80 mil toneladas do mineral. Propriedade das multinacionais BHP Billiton, Anglo American e Glencore – de capitais britânicos, australianos, norte-americanos e suíços – sua renda no ano passado foi 15% maior do que em 2005.

Ao sul de La Guajira, o departamento do César também possui grandes extensões carboníferas exploradas pela norte-americana Drummond. Nestes departamentos se concentram 83% da riqueza carbonífera colombiana. Ali se aplica uma tecnologia que remove a camada vegetal e perfura terra e rocha até atingir a profundidade necessária. O restante das minas de carvão está espalhado em grande parte do território, especialmente nas cordilheiras ocidental e oriental que cruzam o país de sul a norte.
Ali a exploração é feita em túneis de até 600 metros de profundidade, na maioria sem condições apropriadas de segurança pela falta de controles estatais e de recursos dos pequenos mineiros para investir em máquinas e equipamentos que medem o acúmulo de gases responsáveis pelas explosões. Os trabalhadores do sistema de túneis ou a céu aberto são inclinados a sofrer doenças respiratórias pela continua aspiração de gases ou pó. Outros males comuns são os fungos na pele e problemas na coluna devido ao esforço físico, como hérnia de disco.

Os contratos de trabalho são temporários. No melhor dos casos, a cobertura de saúde só vigora durante o período da contratação. “Muitos são contratados por períodos de três meses, e depois saem, ficando desprotegidos em matéria de assistência de saúde”, afirmou Ramíerez. Os salários nem sempre superam o mínimo legal, que não chega a US$ 200. Mas, novamente por falta de estatísticas, não se tem com saber quantos estão nessa situação.

Fonte: Envolverde - 20/3/2007

quarta-feira, março 21, 2007

PROTEÇÃO DE MAQUINAS

PROTEÇÃO DE MAQUINAS

Após a expansão da automação nas grandes fábricas subiram em larga escala os acidentes com máquinas automatizadas. As injetoras são grandes responsáveis por acidentes graves desde amputações até mortes, muitos deles por descuido, imperícia, burla dos dispositivos de segurança, mas a grande maioria ocorre por ausência de sistemas de segurança e falta de manutenção nos equipamentos existentes.
As injetoras são máquinas extremamente perigosas, talvez até mais do que as prensas. Seu princípio de funcionamento é o de uma prensa hidráulica horizontal com o agravante de possuir um sistema de injeção de matéria-prima quente em alta pressão. Os europeus são fornecedores tradicionais deste tipo de equipamento, mas já são fabricadas no mundo todo, inclusive no Brasil e na Ásia. Embora a normas mais conhecidas EN 201/1985 e ANSI/SPI B151.1/1972 já exijam inúmeros sistemas de segurança, nem todas as máquinas atendem a todos os requisitos, sem falar na tecnologia descrita nas normas que já está ultrapassada.
O Brasil possui uma norma específica que é a NBR 13536:1995, nela são detalhados e ilustrados inúmeros sistemas de segurança que minimizam os riscos de acidentes em injetoras, mas a norma é desconhecida pela maioria dos empregadores. Alguns fabricantes também não conhecem o conteúdo na íntegra, o que significa que estamos comprando máquinas sem a segurança exigida pelo Ministério do Trabalho. Já são vários os fabricantes de máquinas autuados por fabricarem equipamentos sem o atendimento de todas as normativas de segurança.

PROTEÇÃO DE MAQUINAS

terça-feira, março 20, 2007

PARANÁ É 3° EM MORTES POR ACIDENTES DE TRABALHO

PARANÁ É 3° EM MORTES POR ACIDENTES DE TRABALHO

Paraná - O número de acidentes de trabalho no Paraná aumentou 7% em 2005, com relação a 2004, de acordo com dados do Anuário Estatístico de Acidentes de Trabalho (Aet) divulgados na semana passada pelos ministérios da Previdência e do Trabalho. Enquanto em 2004 ocorreram 36.034 acidentes no Estado, em 2005 foram 38.834. Apesar do número de óbitos ter diminuído - de 215 trabalhadores para 206 -, o Paraná está em terceiro lugar no número de mortes por acidentes de trabalho em todo o País, perdendo apenas para São Paulo (670) e Minas Gerais (351). No Brasil, o número de acidentes de trabalho vem aumentando a cada ano. Em 2004, foram registrados 465.700 casos, enquanto que em 2005 ocorreram 491.711 acidentes. Os dados são recolhidos com base nas CATs (Comunicação de Acidentes de Trabalho) feitas pelas empresas. Entretanto, as estatísticas que mostram o aumento de casos pode ser ainda maior. Conforme explica o médico do trabalho e vice-presidente da Associação Nacional de Medicina do Trabalhador, Zuher Handar, não se computam no Anuário Estatístico os dados referentes a trabalhadores que estão no setor informal, sem falar nos casos que não são comunicados à Previdência por se tratar de fatos que não se estendem por mais de 15 dias. “Existem estudos que apontam que as estatísticas são muito maiores. Sabemos do empenho das empresas e dos trabalhadores em melhorar a situação, mas ainda há muito que fazer”, disse. Na opinião do delegado regional do Trabalho do Paraná, Geraldo Serathiuk, uma boa parcela desse aumento de 7% se deve ao fato de que agora os trabalhadores também podem comunicar os acidentes ao Ministério do Trabalho, e não apenas as empresas têm essa incumbência. “Tínhamos muita sonegação de CATs”. Serathiuk lembrou ainda da importância das Cipas (Comissões Internas de Prevenção de Acidentes) nas empresas. “Ainda há resistência dos empresários em montar as Cipas, mas eles devem avaliar que não se trata apenas de um mecanismo democrático de participação dos trabalhadores, mas de um meio que pode até melhorar a produção”. No Paraná, o setor onde mais ocorrem acidentes de trabalho é o hospitalar. A presidente do Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Serviços de Saúde (Sindesc), Isabel Gonçalves, acredita que o setor é crítico por conta do número reduzido de profissionais, o que acaba acarretando excesso de trabalho e descuidos que provocam acidentes. “O profissional de saúde trabalha estressado porque tem que dar conta de um número muito grande de pacientes e ainda tem que enfrentar estruturas hierárquicas que também estressam muito”, avaliou. Em todo o Brasil, o número de mortes decorrentes de acidentes de trabalho aumentou. Foram quase três mil casos - contra cerca de dois mil em 2004. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva já assinou decreto reduzindo a alíquota de contribuição previdenciária de empresas que registrarem número de acidentes de trabalho abaixo da média nacional.

segunda-feira, março 19, 2007

CONSTRUTORA REFUTA DECLARAÇÕES DE SINDICATO

CONSTRUTORA REFUTA DECLARAÇÕES DE SINDICATO

Recife/PE - Em resposta à denúncia do Sindicato Intermunicipal dos Trabalhadores Industriais da Construção Civil de que não havia cabos de aço e cordas de segurança na obra onde morreu ontem à noite o operário José Geraldo de Souza Santos, 28 anos, a construtora Moura Dubeux divulgou uma nota oficial, no início da tarde de hoje. A empresa refuta as declarações do sindicato e garante que em todos os andares da obra têm cabos de aço para segurança coletiva e também classifica como “especulação” qualquer tentativa de explicar o acidente. O servente de pedreiro caiu do 15º andar – o equivalente a uma altura de 80 metros - e ainda sobreviveu por duas horas, no Hospital da Restauração (HR).

sexta-feira, março 16, 2007

OPERÁRIO MORRE EM OBRA DO PAN - AMERICANO

Rio de Janeiro/RJ - O operário Odair Dama da Silva, 27 anos, morreu nesta terça-feira enquanto trabalhava nas obras do estádio João Havelange, uma das sedes da disputa dos Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro. Odair teria caído de uma altura de 14 metros. Ele chegou a ser levado para o hospital Salgado Filho, mas acabou não resistindo aos ferimentos. Foi o primeiro acidente com vítima fatal desde o início das obras para a competição, iniciadas em 2003. Em nota oficial, a Riourbe (Empresa Municipal de Urbanização) defende que o operário estava com todos os equipamentos de segurança necessários. O órgão municipal ainda ressaltou que irá investigar o caso.

terça-feira, março 13, 2007

ELETRICISTA DA STEEL MORRE NA ASSEMBLÉIA

ELETRICISTA DA STEEL MORRE NA ASSEMBLÉIA

Aracaju/SE - Uma fatalidade. Chegou a sua hora. Eram frases ouvidas nos corredores da Assembléia Legislativa de amigos consternados com a morte do eletricista José Leonardo Alves dos Santos, 44 anos, que passou mal, quando executava um serviço no 7o. andar, na manhã desta terça-feira. Leonardo ou Leo, como era conhecido o eletricista, muito querido pelos colegas de trabalho, servidores da Assembléia e parlamentares, chegou cedo, como de costume e foi consertar uma luminária. Embora experiente, Leonardo não quis fazer o serviço com o auxílio de uma escada e optou por subir na laje, por causa da posição. Como Leonardo estava demorando, para consertar a luminária, um dos colegas começou a procurar por ele, enquanto outro decidiu fazer o serviço, não sabendo que Leonardo já iniciara a tarefa, mas por cima do forro. Ao retirar a cobertura, para executar o conserto, o colega deu com Leonardo deitado. Chamou por ele e não teve resposta. De imediato acionou a segurança da Assembléia Legislativa, que fez contato com o departamento médico e o Samu. O socorro médico a Leonardo foi imediato. Utilizando desfibrilador, o medico da Assembléia Legislativa tentou reanimar Leonardo, o mesmo acontecendo com a equipe do SAMU. Todo esforço dos médicos não foi suficiente para ressuscitar Leonardo. O eletricista era funcionário Steel Serviços Auxiliares Ltda, há dois anos, mas já executava tarefas no parlamento por mais tempo, uma vez que era remanescente de outra prestadora de serviço. Caracterizado o acidente de trabalho, imediatamente a Coordenadoria de Serviços Gerais da Assembléia Legislativa providenciou a C.A.T (Comunicação de Acidente de Trabalho) ao Ministério do Trabalho e INSS, encaminhando o corpo para o IML, para que a autopsia identificasse a “causa mortis”. A Mesa Diretora da Assembléia Legislativa determinou que todas as providências fossem tomadas.