quinta-feira, fevereiro 14, 2008

Controlando o risco

Este artigo analisa as modalidades de exposição acidental aos fluídos corporais no pessoal da obstetrícia da Fundação IRCCS da Policlínica San Matteo de Pavia no período de 1994 a 2005. Observa-se que o fenômeno acidental refere-se, sobretudo, aos empregados com menos de cinco anos de serviço. O contágio ocorre, principalmente, por picada de agulha ou por instrumento cortante contaminado, ou ainda, por respingo de material biológico, freqüentemente, sem a presença de dispositivos de proteção individual. Mesmo que em alguns casos o contato tenha ocorrido com fluídos biológicos provenientes de fontes infectadas, não foi documentado nenhum caso de soroconversão no pessoal envolvido. A fim de reduzir o risco global de infecção por patógenos via transmissão hematológica, na categoria de profissionais analisada, é necessária uma atuação por parte das empresas de saúde com uma estratégia que inclua: disponibilidade de dispositivos adequados para a proteção individual, formação, difusão, respeito às normas gerais de isolamento e utilização de instrumentos providos de dispositivos de segurança. Transmissão Os profissionais da saúde estão sob risco de infecção via transmissão hematológica através da exposição ao sangue e a outros líquidos biológicos de pacientes infectados. Não obstante às recomendações, amplamente dirigidas aos profissionais de saúde, o número de exposições e de infecções acidentais permanece elevado. Estão documentados, de fato, casos de transmissão de HBV (hepatite B), HCV (hepatite C) e HIV (Aids), seja através da exposição percutânea (picadas e cortes) ou através de exposições mucocutâneas (contaminação de mucosa ou pele lesada). Tais eventos dependem da freqüência de exposição a riscos, da prevalência da doença na população (fonte), da eficácia das medidas pós-exposição e da probabilidade de infecção, uma vez ocorrido o contato com um paciente infectado. Resultados Foram identificados entre o pessoal da obstetrícia 44 acidentes ocupacionais de risco biológico, 25 (57%) relativos a lesões com objetos cortantes contaminados e 19 (43%) referentes a contato cutâneo-mucosa com líquidos biológicos. Tais exposições dizem respeito a um total de 15 estudantes e 29 enfermeiras diplomadas. O tempo de serviço entre elas era inferior a cinco anos, em 64% dos casos. O andamento temporal dos contatos acidentais evidencia uma importante queda no biênio 1998-99. Foi também calculado o índice percentual de acidentes no pessoal da obstetrícia (em formação ou não) em serviço nos diversos anos. Dessa avaliação emerge que, enquanto nos grupos dos estudantes esse índice se mante-ve sempre baixo e substancialmente estável, no grupo das enfermeiras obstétricas diplomadas houve dois picos de incidência, respectivamente em 2001 e em 2004. Proteção No que se refere ao uso dos Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), resultou ainda alto o número de trabalhadores que, no momento do acidente, não usavam nenhum equipamento (45% dos casos relatados). As luvas de látex resultaram ser os dispositivos mais utilizados (48%). Considerando os dados no seu conjunto, deduz-se que, na maioria dos casos (93%), o paciente-fonte era conhecido e, portanto, disponível para a execução das eventuais ulteriores avaliações sorológicas. No caso do paciente-fonte não ser conhecido, lembramos que o protocolo em uso no hospital prevê que se considerem potencialmente infectados todos os fluídos biológicos e, portanto, que sejam adotadas também as medidas de imunoprofilaxia ativa, passiva e ou de profilaxia farmacológica em caso de contato acidental. Somente em nove casos, ou seja, em 20,5% do total dos trabalhadores, não haviam realizado, anteriormente, a vacinação contra a hepatite B. Nenhuma soroconversão por acidentes ocupacionais foi registrada nas enfermeiras obstétricas no período considerado.

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